quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Hora da Leitura



Ranina era uma rãzinha que queria ser uma rãinha muito simpática.

Uma rã menina que gostava de saltar de cá pra lá de lá pra cá...

Ranina foi ficando mocinha depressa, muito bela: gordinha , de barriga-verde, de testa amarela.

Ranina, assim que crescia, ficava vidosa: quando se olhava no espelho das águas, se achava bonita, e pensava em ser rãinha, ou modelo, quem sabe?

(Mas estava com uns quilinhos a mais! Alguém lhe dissera? Ou foi o que deduziu por si mesma?)

A vida até então, havia sido só diversão: catar insetos, brincar, saltar e mergulhar no brejo.

De repente, Ranina passou a andar diferente:

em vez de saltar, desfilava, rebolando, rebolando, como se estivesse numa passarela.

E sem que ninguém percebesse, ela se impôs severa dieta:

comia cada dia menos, menos, até que veio a inapetência completa.

Mamãe Rã notava a filha emagrecendo, mas não sabia de nada.

Um dia, Ranina amanheceu indisposta:

não queria correr,

não queria pular,

não queria comer,

não queria cantar...

A mãe Rã agora ficou preocupada: Sua garota estava doente? Andava amolada?

Com o passar dos dias, a rãzinha ficava cada vez mais triste, cada vez mais apática.

e raquítica!

Onde andava a energia da rãzinha acrobática?

Onde ficou a alegria da rãzinha simpática?
E a rãzinha ficou rãzinza, ficou franzinha, pois não comia, não queria saber de nada. e foi ficando feia e magra.
Mamãe Rã ouvia outras rãs, suas amigas, colegas, que logo opinavam: aquilo era coisa da idade, talvez excesso de vaidade, pois está na moda as mocinhas serem magras.
Como Ranina ia de mal a pior, mamãe Rã, consultou o sapo doutor, que assim diagnosticou:
- Isso que deu nela é uma feia mania de achar que para ser bela precisa ser magrela. Ou a menina volta a comer, ou logo vai morrer!
O sapo doutor conversou com Ranina, contou-lhe histórias de fadas (inclusive a de um príncipe que virou sapo pra se casar com uma linda rã, que aliás não era magrinha).
Contou-lhe também fábulas, em que os personagens eram seres humanos: que viviam num mundo estranho, onde uns morriam de fome, por não terem o que comer, outros comiam demais, morriam de tanto comer.
E havia aquelas - algumas belas moças- que deixavam de comer para ficar na moda e aí adoeciam, ficavam tristes: umas chegavam até morrer.
Depois ele falou de uma beleza que está dentro da gente, que vem da alma, da alegria de viver, uma beleza sutil, que transborda no olhar, mas que não se gaba e nem se envaidece, que não acaba e nem envelhece.
Assim, aos poucos, ela foi ficando animada e, mesmo com a cara de doentinha mimada, foi capaz de um sorriso.
E o doutor receitou-lhe algumas delícias para o paladar e para a vida.
E, por fim, disse a Ranina, com carinho, mas também com firmeza, que, pelo menos no mundo das rãs, magreza não é sinônimo de beleza.
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A Rãzinha que queria ser Rãinha. de Wilson Pereira e Cecília Rébora. Editora Callis.
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